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Tecelagem >> Fios da Vida

  • danynaturologia
  • 21 de abr. de 2015
  • 3 min de leitura

O ato de tecer nos remete aos tempos ancestrais. As primeiras tramas sugiram da necessidade do homem em proteger o corpo das ações do tempo. Sua criação foi sendo apurada, dando origem a tecidos mais elaborados, com cores e texturas variadas.


Apesar de o primeiro tear remeter-se à 6000 anos a.C., anteriormente, alguns mitos já revelam a atividade de tecer em suas narrativas: Mito de Aracne, Mito de Filomena, Mito das Moiras, Mito de Ariadne, entre outros.

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As histórias mitológicas trazem o tecer como símbolo. Dentro de cada trama o tecer trouxe um novo desfecho para curso da vida. Ligado ao destino, permitiu ao homem criar novas formas de existir.


“Tecer não significa somente predestinar (...) e reunir realidades diversas (...), mas também criar, fazer sair da sua própria susbtância, exatamente como faz a aranha, que tira de si própria a sua teia”. (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2006).





Antigamente as mulheres que fiavam eram cobiçadas para o matrimonio, pois, garantiam a participação da família em que pertencesse ao comércio local. Poderiam abastecer e movimentar, com seus lindos e laboriosos trabalhos, os mercados de troca das aldeias.


Essencialmente feminina, a arte de tecer desenvolveu-se mais que um ofício. Em uma época em que a mulher deveria apresentar um comportamento passivo e submisso, a atividade de tecer assegurou a expressão de seus talentos, pensamentos e emoções.


Dentro da dinâmica social em que viviam, era uma forma de comunicação pertencente aos grupos de mulheres.


"[...] esse processo reforçou [...] as comunidades femininas, de mulheres que passavam o dia reunidas, tecendo juntas, separadas dos homens, contando histórias, propondo adivinhas, brincando com a linguagem, narrando e explorando as palavras, com poder sobre sua própria produtividade e autonomia de criação. A carga simbólica de tudo isso era poderosa, associando útero e tecelagem, cordão umbilical e fio da vida, trama e coletividade na produção de excedentes econômicos. E também não podemos esquecer um aspecto importantíssimo do que criavam. Os produtos finais eram roupas – justamente uma das marcas mais antigas e visíveis da civilização, distinguindo os homens dos outros animais. Juntamente com a linguagem narrativa". (MACHADO, 2003).


Palavra e imagens tecidas se entrelaçavam, conjugavam entre as tramas e iam transmitindo suas informações. Tecer era a voz das mulheres.

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Tecer é o ato de criar tecidos através do entrelaçar dos fios da urdidura, que são longitudinais, com os das tramas, que são transversais. Somente duas posições são possíveis para os fios da trama: ou ele passa por baixo ou passa por cima dos fios do urdume. De acordo com o entrelaçar dos fios é formada a padronagem do tecido.


Existem dois tipos de tecelagem: Tecelagem artesanal manual e industrial automático. Os Materiais utilizados para tecelagem são fios de fibras naturais ( lã, seda, linho, algodão, juta) e fibras não naturais (viscose, acetato, nylon, poliéster, acrílico...).

Tecer é uma atividade prazerosa. Os fios ganham vida em seu entrelaçar, harmonizando suas cores e texturas. Nos leva a um estado de atenção plena, nos deliga do mundo. Paz, quietude e centramento podem ser alcançado através da tecelagem.

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Para sua execução necessita-se de atenção, cuidado, gradualidade, minúcia e concentração, nós permitindo desenvolver estados internos mais saudáveis.


Tecer nos ajuda em situações caóticas e confusas a ituir novas orientações, nos organiza internamente e nos mostra novas saídas. Em situação de tranquilidade interna, reintera a harmonia existente. Ajuda a trazer foco, mas rompe com o automatismo. Estimular a coordenação motora e ordena os pensamentos.


A tecelagem em Arteterapia é usada para: reunir, estruturar, integrar, relacionar, ordenar, organizar, desembaraçar, articular, tramar. Nos ajuda a desenvolver paciência, delicadeza, ritmo harmônico, ordenação e quietude.


Ficou com vontade de experimentar a tecelagem. Existem algumas formas de tecer sem a ajuda do tear tradicional de madeira. Em breve farei um post pra te ensinar a tecelagem de forma criativa e terapêutica!

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ARAÚJO, M. M.; SANTOS, R. B. Arteterapia Transpessoal. Recife: COMUNIGRAF, 2010.

CHEVALIER, J.; GHEERBRANT, A. Dicionário dos Símbolos. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 2006.

MACHADO, A. M. O Tao da teia: sobre textos e têxteis. SP: Estudos avançados, USP, v. 17, n. 49, 2003.

PHILIPPINI, A. Linguagens e Materiais Expressivos em Arteterapia: Uso, Indicações e Propriedades. Ed. Wak, 2009.

 
 
 

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